"Vida Suburbana" 2a exposição individual de Pinto Zulo

Pinto Zulo (Pinto José Zulo) é um jovem artista de 30 anos, natural de Maputo, originário emblemático bairro da Mafalala, alfobre de muitos outros artistas e atletas moçambicanos. Ingressou na Escola Nacional de Artes Visuais, onde se formou em Artes Gráficas, onde desde cedo revelou o seu talento e entusiasmo por diversas manifestações artísticas.

Este entusiasmo e a sua vontade de aprender levaram-no a trabalhar com artistas consagrados, como é o caso de Malangatana, Naguib, Noel Langa, Raimundo Macaringue, e artistas internacionais como foi a experiência com um dos maiores cartoonistas africanos radicado em Paris (França), Pat Mansioni, participando ainda em importantes projectos e realizações de intercâmbio cultural, destacando-se o UMOJA-CFC, que abrange jovens talentos da África do Sul, Zimbabwe, Tanzania, Quénia, Etiópia, Uganda, Noruega e Moçambique.

O seu percurso artistico iniciar-se-ia na primeira década de 2000, quando começa a participar em algumas exposições colectivas, vindo a realizar a sua primeira individual (O Baú de Pinto Zulo), no ano passado. Neste percurso necessariamente breve, o artista viria a ver confirmado com o seu talento com a distinção em vários concursos locais, com o 1º Prémio na criação do cartaz – “Primeiro de Junho” financiado pela Cooperação Italiana, em 2001; 2º Prémio na criação do logotipo das Águas de Maputo – “Saneamento é dignidade e é saúde” e Menção Honrosa de Conto e Banda Desenhada “Infância” no Instituto Camões (Centro Cultural Português), em 2005; 1º Prémio Nacional de Conto e Banda Desenhada – Positivo e Negativo (Centro Cultural Português, 2007).

Pinto Zulo tem-se dedicado fundamentalmente à aguarela pois, segundo ele, “é uma técnica que requer muita atenção e, por ser difícil, é muito pouco usada em Moçambique. Mesmo em trabalhos em acrílico e óleo é possível detectar um traço de aguarela. A mão foge-me sempre para aí”. Para Victor Sala, professor e conhecedor da obra do artista, esta é caracterizada desde sempre pela forte exploração da cor e textura, sugerindo uma constante tentativa de preservar as suas raízes. Na verdade, os grandes motivos que o inspiram são as cenas do quotidiano do bairro que o viu nascer: mulheres, casas e brincadeiras infantis são os temas preferencialmente retratados. “Tive a sorte de nascer e crescer no bairro mais rico em termos cromáticos da capital”, refere Zulo Pinto.