No coraçâo da Polana
Exposição individual de fotografia “No coração da Polana”, de João Costa (Funcho)
De 20 de Julho a 11 de Agosto de 2017, na Sala de Espera da Associação Kulungwana, sita na Estação Central dos Caminhos de Ferro
O fotógrafo João Costa (Funcho) é um dos mais antigos profissionais moçambicanos em actividade, tendo iniciado a sua carreira nos estúdios fotográficos da extinta Associação Académica de Moçambique, no início da década de 70, tendo posteriormente exercido actividade em alguns órgãos de informação nacionais, como A Voz de Moçambique e o Notícias.
Já com o país independente, João Costa (Funcho) ingressou nos quadros do Instituto Nacional do Cinema, tendo ganho reputação como director de fotografia e cameraman, com intensa actividade em Moçambique e no vizinho Zimbabwe.
João Costa traz para esta exposição um dos muitos microcosmos da nossa capital – os mercados informais -, ou melhor, o mercado situado “no coração da Polana”. Um mundo por muitos considerado ainda hoje um antro de boémia e marginalidade.
Surgidos logo nos primeiros anos da independência do país, quando o sufoco económico que então se vivia, em resultado do isolamento a que Moçambique tinha sido votado pelo mundo ocidental, agravado ainda pelo ambiente regional, e pela sucessivas guerras que o país atravessou, levou a que muitos desempregados e refugiados que se tinham acolhido em Maputo procurassem sobreviver com pequenos negócios no passeio. Estes pequenos comerciantes informais proliferaram e cresceram, dando origem aos actuais mercados. Alguns deles foram já requalificados, outros transferidos para novos locais, e outros permanecem ainda iguais a si mesmos, à espera que lhes seja dado um destino final.
Mas estes mercados informais existem e permanecem, espalhados pela nossa capital, apesar das sucessivas ameaças das autoridades camarárias, e são fonte de sobrevivência para muitos dos seus vendedores. E também para aqueles que encontram ali toda uma variedade de produtos e serviços a preços muito mais convidativos que nos estabelecimentos comerciais.
Nesta exposição, João Costa dá-nos numas tantas imagens, os ambientes que ao longo do dia o mercado vai ganhando, os pequenos negócios que ali se realizam, os negociantes e os fregueses, e todo um conjunto de pessoas que por ali passa. Para além do povo miúdo que ali procura poupar os poucos meticais que tem, passam por ali ainda funcionários públicos, artistas, poetas, jornalistas e um sem número de curiosos que quer ter contacto com um certo ambiente que a cidade possui, tornando o mercado uma passagem quase obrigatória no roteiro turístico de Maputo.