Espreitar a alma
Os artistas, Paulo Alexandre e Mauro Vombe, vão na esteira de muitos outros fotógrafos que através do retrato tentam desvendar para além dos rostos,
os elementos sociais e psicológicos dos retratados, procurando encontrar assim um nexo de identificação social e da forma como cada pessoa (persona/máscara) se mostra ao mundo e como se relaciona com os outros, procurando adaptar-se ao meio em que vive.
Na história da fotografia o retrato é o mais popular de todos os géneros. Este foi explorado pelos seus inventores e experimentado em todos os processos e formatos, tendo celebrizado alguns dos mais importantes nomes desta arte. Neste percurso, o rosto é apresentado “como local de representação do tempo, dos sentimentos, das máscaras e das ausências”, exprimindo a um só tempo a comprovação e a invenção, o aprisionamento e a legitimação, o distanciamento e a proximidade.
À sua maneira, é isso que cada um dos artistas exprime. Mauro Vombe pretende “lembrar que todos nós somos máscaras, somos falsos e verdadeiros através da nossa máscara”, enquanto que Paulo Alexandre quer “ser capaz de agarrar a tua alma, a dele, a dela”. Ainda assim, perante essa impossibilidade quase absoluta, os dois fotógrafos persistem em trazer-nos essas imagens, procurando desvendar para além dos rostos, as emoções de cada um destes homens e mulheres no momento em que o clic fotográfico os eternizou.
Paulo Alexandre e Mauro Vombe pertencem a duas gerações distintas de fotógrafos, com a curiosidade de ambos começaram a aparecer a público na década de 1980. Enquanto o primeiro explora, neste conjunto de imagens, o retrato individual, Mauro Vombe mostra essencialmente as grandes concentrações humanas que são característica da nossa vida social até hoje. E de uma certa maneira, este contraste é revelador da sensibilidade destes dois fotografos.
A exposição “Espreitar a Alma”, de Paulo Alexandre e Mauro Vombe, teve a curadoria de João Costa (Funcho)