2014

Blue on Blue Cartaz

Em Outubro as artistas Berry Bickle e Marjorie Wallace apresentam a exposição "Blue on Blue".
Yves Klein tornou o AZUL famoso como IKB. Em Maio de 1960 Klein registou a sua patente da fórmula da tinta, sob o nome de Azul Internacional Klein (IKB-Internacional Klein Blue). As Pinturas Monocromáticas numeradas prosseguiram desde 1959 até ao fim da sua vida. A sua inovação foi dar à cor azul o mesmo brilho e intensidade de cor do pigmento seco, saturando o processo de forma que a experiência visual não tivesse princípio nem fim, dado que ele queria criar, de acordo com as suas palavras, “uma paisagem de liberdade”. Em 1957, o ano em que nasceu Marjorie Wallace, Yves Klein colocava o azul em zonas não preenchidas do imaterial, azul como o IKB, uma e outra e outra vez. Graduada pela Michaelis School of Art em Cape Town, Marjorie Wallace é uma talentosa artista cerâmica. Produz objectos de porcelana fina inspirados pelos cestos tradicionais que lhe são familiares desde a juventude, os quais ela raspa, comprime e entalha com desenhos e decorações lineares. Num país onde os abastecimentos e recursos são um problema constante, Marjorie Wallace abre a sua olaria a outros ceramistas e treina jovens artesãos.

Blues como na forma musical de baladas contadas em verso, Berry Bickle imprimiu uma Nota Azul e, como com o género musical que possui características de poema lírico e instrumentos, a Nota Azul de Bickle é formada por narrativas visuais compostas fotograficamente. Camadas finas de tecido e luz difusa são o sedimento da memória envolvendo os objectos e relacionando-os com o corpo, colocando-os perto da pele, como um perigo no interior da vulnerabilidade corporal, como o feminino e o masculino enredados no mesmo destino. Explorando questões como raça, violência psicológica, poder, território, história, memória e exílio, Bickle coloca perguntas sobre submissão versus controlo, tradição versus modernidade e local versus global. Ao jogar com a subjectividade, Berry Bickle vira ao contrário ideias estabelecidas e apela à nossa imaginação e aos nossos sentidos. Ela pega em rituais para enfatizar o significado dos princípios que identificam e unem os membros de uma comunidade. Dirige-se às suas almas e espíritos, transformando códigos sociais em alegorias de uma alienação partilhada, como se este processo fosse uma forma de criar uma couraça que pudesse transportar a memória e transcender a história.

A exposição inaugura a 02 de Outubro e estará patente até 01 de Novembro 2014.

Roger Ballen Cartaz

Tenho fotografado a preto e branco há aproximadamente cinquenta anos. Creio que faço parte da última geração que cresceu com este media. O Preto e Branco é uma forma de arte muito minimalista e, ao contrário da fotografia a cores, não pretende imitar o mundo tal como a vista humana o pode observar. O Preto e Branco é essencialmente uma forma abstracta de interpretar e transformar o que alguém pode apresentar como realidade. O meu objectivo ao tirar fotografias nos últimos quarenta anos tem sido enfim definir-me a mim mesmo. Tem sido fundamentalmente uma viagem psicológica e existencial.

Se um artista é alguém que gasta a sua vida a tentar definir a sua essência, acredito que possa considerar-me um artista”. ROGER BALLEN

Psicologia, Geologia e Fotografia são as três forças que influenciaram Roger Ballen desde a adolescência, quando a sua mãe trabalhava como editora na agência fotográfica Magnum, aos estudos de psicologia na Universidade da Califórnia e mais tarde ao doutoramento em geologia na School of Mines do Colorado com especialização em Economia Mineral.

Nascido em Nova York, Ballen começou inicialmente a trabalhar na África do Sul como geólogo mas a fotografia tornou-se a sua paixão e a África do Sul a sua fascinação e o assunto dos trinta anos seguintes da sua carreira. Reside em Johannesburg desde os anos 1980.

No fim dos anos 1980 e princípio dos anos 1990 Ballen via a África do Sul com uma abordagem fotojornalística orientada principalmente numa base política e social. Viajou para vilas rurais remotas e fotografou comunidades brancas empobrecidas. Esta abordagem, no pico do domínio dos brancos do Apartheid na África do Sul, mostrava comunidades brancas marginais, vulneráveis e isoladas, que recordavam as imagens de Dorothea Lange no Dust Bowl do Sul da América que sofria os efeitos da Grande Depressão. Platteland: Imagens da África do Sul Rural publicado em 1994 e Outland publicado em 2001 são parte do seu trabalho preliminar na África do Sul.

Das marginais e quase invisíveis comunidades rurais brancas da África do Sul, as investigações de Ballen sobre as franjas da sociedade seguiram para as orlas urbanas de Johannesburg onde indivíduos isolados e animais viviam todos misturados, em condições de vida à beira da desagregação do que era o colapso do controlo da segregação do Apartheid. Ballen penetrou nesta comunidade que vivia ao abandono na orla da indústria mineira e as imagens poderosas foram publicadas nos seus livros subsequentes Shadow Chamber (2005) e Boarding House (2009).

Sobre Asylum, a partir do qual é exibida uma selecção dos seus trabalhos contemporâneos na Kulungwana, Ballen comenta:

Quando estava a trabalhar no projecto Boarding House encontrei um espaço em Johannesburg, uma grande casa que de certa forma me fez lembrar a casa do filme Pyscho de Hitchcock. Desloquei-me a este lugar e viviam lá pessoas de todas as condições sociais. Era um lugar próximo de alguns depósitos de minas. Este homem deixava as pessoas viverem ali. Elas tinham de lhe pagar quando saíam e dedicavam-se a diferentes tarefas, algumas vezes a casa estava cheia de pessoas a dormir no chão. O homem era um verdadeiro amante de animais, especialmente pássaros, e tinha talvez um par de centenas de pássaros na garagem – principalmente pombos. Mantinha-os também dentro de casa e permitia-lhes que voassem pela casa. Eu estava verdadeiramente intrigado porque tinha tirado fotografias de pássaros antes das pessoas os criarem como animais de estimação. Portanto sempre fui obsecado por animais e tirei fotografias de animais durante muitos anos. Deste modo continuei a fazer o mesmo nesta série Asylum, mas sobretudo com pássaros. Cada imagem da nova série tem um pássaro, seja uma pluma ou o desenho de um pássaro ou um pássaro a voar – há pássaros em todos os instantâneos. Foram cinco anos verdadeiramente interessantes neste lugar.”

A consistente presença de linhas, em trilhos interiores, fios, e linhas desenhada manualmente em graffitis como paredes, são o elemento que atravessa a sua criação de um território social sombrio dos marginais e isolados. Um território melancólico onde as relações zoomórficas de pessoas e animais existem como arquétipos. Onde pássaros e o macabro se misturam com a máscara, as suas imagens intrigam-nos com as camadas desfocadas entre a arte e o documentário. O seu humor negro mistura e toca o patético e inspira o sentimento de qualquer coisa que leva a realidade, através da fotografia, para um outro campo.

Ballen realizou mais de cinquenta exposições em todo o mundo e o seu trabalho está presente em muitos museus, incluindo o Museu Victoria and Albert em Londres, o Centre Pompidou em Paris e o Museu de Arte Moderna em Nova York. Em 2013 o Museu Nacional de Arte Africana no Smithsonian Institution apresentou uma grande retrospectiva do seu trabalho. Os prémios recebidos incluem: Fotógrafo do Ano, Rencontres d'Arles - 2002 Top 10 Exhibition, Vince Aletti, Artforum - 2002 PhotoEspana, Melhor Livro de Fotografia do Ano, Espanha - 2001 Photo-eye, Melhor Título de Documentário, Melhores Livros de Fotografias do Sani Festival de 2001, Melhor Exibição a Solo, Grécia, 2000 Menção Especial: UNICEF Fotografia do Ano 2001.

30 de Outubro – 21 de Novembro de 2014

Patrocinadores: Embaixada da Noruega, Hollard

Fontes:
http://www.hamiltonsgallery.com/artists/30-Roger-Ballen/biography/
http://uk.phaidon.com/agenda/photography/articles/2012/november/23/ten-questions-for-photographer-roger-ballen/

Kok Nam Preto no Branco Cartaz

Kok Nam – Preto no branco” lançado no dia 4 de Dezembro em Maputo

A Associação Cultural Kulungwana promove o lançamento do livro “Kok Nam – Preto no Branco”, uma edição da Marimbique, no dia 4 de Dezembro as 18h00, na Galeria Kulungwana, na Estação Central dos Caminhos de Ferro, em Maputo. Na mesma ocasião será inaugurada uma exposição com o mesmo título que estará patente até 19 de Dezembro.

Kok Nam foi um dos mais importantes fotojornalistas moçambicanos, tendo iniciado a sua carreira jornalística no “Diário de Moçambique". Percorreu depois os mais importantes órgãos de informação moçambicana, destacando-se o facto de ser fundador da revista “Tempo”, nos anos 70, e do semanário “Savana”, duas décadas depois, de que foi aliás director. Falecido em Agosto de 2012, este ano faria 75 anos.

O livro apresenta fotografias do repórter moçambicano, que se destacou por fotografar o primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, para além de ter sido um dos importantes testemunhas da afirmação da nova nação e dos anos adversos que o país viveu. O livro também reporta o último dia na vida da Rodésia do Sul, actual Zimbabwe, entre outros temas.

Textos de Alves Gomes, Calane da Silva, Graça Machel, José Luís Cabaço, Luís Bernardo Honwana, Mota Lopes, Nelson Saúte, Rui Assubuji e Patrícia Hayes fazem parte deste livro. “Kok Nam – Preto no Branco” é uma edição coordenada pelo jornalista Alves Gomes e com edição de imagem do fotógrafo João Costa (Funcho) e pertence à série Kulungwana, uma iniciativa da Marimbique e da Kulungwana, que conta com o apoio da embaixada da Noruega.